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Como o machine learning impacta a Contabilidade?

O machine learning, cujo significado é “aprendizado da máquina” está
transformando a condição de atuação dos profissionais da Contabilidade e das empresas de todos os portes e segmentos, levando mais dinamismo e eficiência aos processos e minimizando erros e equívocos nas operações. Ao passo que o mercado contábil muda constantemente e quem não se adapta às tecnologias acaba “morrendo na praia”, os contadores estão tendo que se aclimatar a essa novidade, que une a inteligência dos seres humanos à sapiência dos computadores. 

Uma vez que o machine learning permite que o equipamento analise dados, reconheça padrões e execute ações por conta própria, e por ser considerado uma vertente da inteligência artificial, faz com que a máquina seja capaz de tomar decisões baseadas em dados. Neste sentido, em entrevista ao Portal Dedução, a contadora Melice Infante Finato, especialista em Gestão Financeira e Risco pela
Universidade de São Paulo – USP, e consultora financeira e tributária independente e docente da Live University em Compliance, Finanças, Controladoria e Tributação
de compras e vendas, explica como essa ferramenta pode contribuir muito com a tomada de decisões mais estratégicas. 
E, para melhorar, segundo ela, ao adotar o machine learning, os profissionais livram-se de tarefas burocráticas, como lançamentos contábeis e escriturações, e assumem atividades mais complexas como a análise de números e resultados. 


O que é machine learning?
Faz parte da inteligência artificial. É a capacidade de usar algoritmos para identificar padrões e usar essas informações para fazer previsões e tomar decisões.
Quando essas informações são compartilhadas na web, criam padrões e as previsões e decisões se tornam cada vez mais acertadas.


A máquina é capaz de tomar decisões baseadas em dados. Então, o
aprendizado do equipamento pode acontecer de três principais maneiras: supervisionado; não supervisionado; e semi-supervisionado. Qual é a definição de cada modo?

No modo supervisionado, é quando se sugere todos os dados de correlação. Por exemplo, para entender a variação das vendas de sopas sugerimos para o sistema cruzar essas vendas com a média mensal de temperatura no ano. Por sua vez, no “não supervisionado”, não há sugestão de dados de correlação, e caberá ao sistema
fazer a descoberta das variáveis que interferem no padrão que ele pesquisa. Por fim, no semi supervisionado, é possível sugerir alguns dados de correlação e se espera que o sistema expanda as possibilidades.

Por que o machine learning mudará a forma de atuação dos profissionais contábeis, levando mais agilidade aos processos e diminuindo os erros nas operações?
Consigo ver a unificação de padrões contábeis com rapidez e exatidão
impressionantes. Isso é bem promissor. Um exemplo simples: hoje as empresas precisam converter seus balanços nas regras do BRGaap, que é o conjunto de princípios contábeis que são geralmente aceitos no Brasil, nos padrões International Financial Reporting Standards – IFRS [Normas Internacionais de Contabilidade].
Essa tradução será automática com o uso de machine learning, e mais: a análise e auditoria podem ser simultâneas na medida em que os lançamentos são feitos.
Muitas funções de profissionais contábeis serão simplesmente extintas se esse cenário for confirmado.


Como os profissionais e escritórios contábeis, e também as empresas que eles atendem, podem tirar proveito do machine learning?
Hoje, realisticamente falando, fazer o básico bem feito já seria sensacional.
Ferramentas que cruzem dados contábeis e fiscais, apontando e corrigindo distorções, já agregam muito valor para qualquer empresa. Numa outra etapa, usar sistemas que cruzem lançamentos contábeis com autuações fiscais no País ajudará muito a prever riscos e tomar decisões mais conscientes.


Como a tecnologia pode contribuir com a tomada de decisões mais estratégicas?
A tecnologia está mudando a forma de se fazer Contabilidade, mas, infelizmente, muito lentamente. A grande verdade é que se trata ainda de uma possibilidade
acessível a poucos, seja por ser cara ou por ser considerada secundária comparada a outras iniciativas dentro das empresas. Lamentavelmente, ainda vemos muitas empresas com processos manuais e bastante rudimentares – e não estamos falando de pequenas empresas. Temos de admitir que tudo isso são ferramentas, apenas isso. Se a cultura de determinada empresa é tratar a Contabilidade com pouca importância, sem reconhecer seu papel estratégico, a tecnologia não pode
exercer seu papel facilitador.

Danielle Ruas – 14 de janeiro de 2020 PERFIL


Entrevista: Danielle Ruas

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